Blog Do Professor Orientador
Max - 8º ano 01 - Doe Órgãos Doe Vida
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quarta-feira, 2 de junho de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Como é escolhido o receptor?
Cada vez que surge um doador a Central é informada e processa a seleção dos possíveis receptores para os vários órgãos. Esta seleção leva em conta o tempo de espera para o transplante, o grupo sangüíneo, o peso e altura do doador, com mudanças próprias para cada órgão. Só isto faz com que nem sempre o mais antigo (o que chegou primeiro na fila) fique em primeiro lugar na "fila" daquele doador. Além disso é preciso levar em conta alguns exames feitos no doador para ver se ele é portador de infecções, como por exemplo, hepatite por vírus B ou C. Caso um desses exames seja positivo as equipes não aceitam os órgãos para transplantar receptores negativos para a tal infecção, pois isto representa um risco de contaminar o receptor com uma doença que colocará em risco sua saúde. Nesses casos algumas equipes aceitam os órgãos para transplantá-los em receptores que tenham a mesma infecção e estes podem não ser os primeiros da "fila".
Outras vezes, o receptor que foi selecionado em primeiro lugar pode não estar, momentaneamente, em condições de receber um transplante em conseqüência de complicações clínicas ou não pode ser localizado, não quer ser transplantado naquele momento, etc...e, portanto, para aquele doador ele é preterido. Algumas vezes a equipe médica responsável pela realização do transplante não está disponível (acontece em feriados prolongados, época de Congressos das especialidades, férias) e o paciente selecionado não pode ser transplantado.
Enfim são várias as razões que fazem com que a "fila única" para o transplante seja diferente, por exemplo, da fila única do cinema. O importante é saber que, se o paciente não for transplantado com aquele doador, ele não perde o seu lugar na lista. É como se ele saísse da fila do cinema e voltasse noutro dia, seu lugar do dia anterior, estaria reservado para ele. Isto não acontece na fila do cinema...
Sem entender estas coisas não será possível para a sociedade acompanhar o progresso da "lista única" para os transplantes com órgãos provenientes de doadores cadavéricos, onde cada caso é um caso e deve ser tratado isoladamente.
quarta-feira, 31 de março de 2010
Doadores mortos
Os doadores mais adequados são aqueles cuja causa de morte é a cerebral, em unidades de cuidados intensivos, com menos de 35 anos, ou 40 no caso das mulheres e sem história de doença cardíaca. Os avanços na terapia imunossupressora e nas técnicas de preservação e transporte de órgãos enfatizam o contributo que os mortos podem dar aos vivos. Porém, a procura é maior do que a oferta.
As directivas da maior parte dos centros de transplantes sublinham que devem manter-se todos os esforços para salvar a vida do potencial dador, incluindo tratamento de emergência, manutenção da T.A., transfusões de sangue, tentativas de ressuscitação, etc. A declaração de morte cerebral marca uma mudança nas prioridades. Agora, ao invés de tentar salvar aquela vida, tenta preservar-se o melhor possível o corpo para retirar os órgãos. No entanto, apesar da pessoa estar morta ainda há questão do respeito pelo cadáver. Por exemplo, “É justo usar um cadáver como fonte de “partes suplentes?” . É justo subordinar crenças culturais e tradições enraízadas para benefício científico?
Os potenciais doadores que se encontram em morte cerebral não são meras “coisas” para serem descartados, mas são seres humanos que ainda são reconhecidos como parte integrante do grupo humano. Apenas porque estão em morte cerebral não deixam de ser a mãe ou o filho de alguém. Como mostra a cultura, as relações não terminam com a morte. Além disso, será que podemos subordinar os interesses do dador aos do receptor? . Pode argumentar-se que não temos uma noção clara do que são os interesses de um morto, contudo, existe sempre a noção de respeito.
Receptores
Os receptores devem receber acompanhamento psicológico no sentido de lhes dar segurança, esclarecer dúvidas acerca da cirurgia, complicações, etc., Só se deve considerar o transplante se houver hipóteses de sucesso clínico. Mas o que se deve considerar “esperança razoável de sucesso clínico”? .Quais os critérios que definem o sucesso clínico razoável e para quem é que estes são aceitáveis?
Ter que viver com um órgão que não nos pertence pode suscitar uma grande variedade de sentimentos. É importante que se faça um ajustamento psíquico para assimilar esta realidade. Segundo Bernardo(1995) “O viver serenamente com, um órgão alheio exige preparação e adaptação psíquica de modo a que não haja conflito a nível do “eu” do sujeito”.
Família
É frequente surgirem fenómenos de transferência nas famílias, essencialmente, de dadores mortos. Assim é importante salvaguardar a identidade do receptor, uma vez que estes fenómenos da transferência de afectividade e emoções podem ter consequências imprevisíveis e nefastas.
Da mesma forma, também o receptor não deve ter acesso à identidade do dador. Pode discutir-se que o facto da família do dador conhecer o receptor e ver os efeitos do transplante podia ser benéfico para esta, porém os riscos de transferência afetiva sobrepõem-se às vantagens que isto poderia oferecer. O facto de o receptor conhecer dados biológicos do dador poderá também ter efeitos negativos. A família do dador atravessa uma situação afectiva bastante intensa que poderá variar consoante o quadro do dador.
Em caso de morte eminente há uma mistura de sentimentos que podem inclusive chegar a ser contraditórios.
A lei portuguesa não atribui poder de decisão à família em relação à doação de órgãos, apenas em casos de menores e incapazes. Nestes casos, para a família tomar uma decisão, é absolutamente necessário que esteja na posse de informação acessível no sentido desta poder ponderar com maior clareza.
Técnicos
A equipe de transplantes tem a obrigação moral de providenciar órgãos nas melhores condições possíveis.
Os técnicos devem recusar retirar um órgão se esse procedimento constituir um risco de mobilidade ou mortalidade para o doador, como por exemplo retirar os dois rins ou o coração.
A equipe de transplantes deve impor limites mais rígidos à doação por parte de estranhos, já que esta, partilha responsabilidades morais na decisão.
A profissão de enfermagem tem a obrigação moral de confrontar e lidar com as questões ético-legais de transplante que podem representar uma ameaça séria à integridade da prática holística da enfermagem
"Poucos dias de transplantado, sou outra pessoa, deito e posso dormir"
Minha história vem se arrastando há quatorze anos quando, em agosto de 1985, tive o primeiro enfarto agudo do miocárdio. Daí para frente vinha me tratando, mas já não era a mesma pessoa. Tinha falta de ar, dor no peito e tonturas que só um cardíaco sabe o sofrimento.A minha experiência com o transplante: é muito difícil a espera por um órgão. Nós que esperamos, não sabemos o dia, a hora. Quando? A espera me bateu o pavor e a depressão, nervosismo e tive que ter palestras com uma psicóloga. Mas com a fé em Deus e o apoio da minha família, dos meus filhos, superei as dificuldades até que chegou do dia do transplante. Recordo-me como se fosse agora os dias 20 para 21 de dezembro. Entrei na sala de cirurgia bem consciente do que eu queria e com muita vontade de viver. Após três horas do transplante já estava acordado conversando, com muita fé e esperança de uma nova vida que Deus me deu e fiquei eternamente agradecido a família do menino Mateus.
Minha esperança de obter uma melhor qualidade de vida após o transplante já é uma realidade após esses poucos dias de transplantado. Sou outra pessoa, não sinto falta de ar, deito e posso dormir, caminho sem dor no peito, minha recuperação é das mais rápidas possível e estou muito feliz por ter recebido um presente de vida através de um órgão doado por uma família maravilhosa. Este é o meu relato para quem ler se conscientizar que doar um órgão é um ato de amor e esperança de uma nova vida para quem espera por uma doação.
- Depoimento de pessoa transplantada a poucos dias.
"Hoje, depois de 16 anos de transplante, cada dia que passa eu considero uma vitória. O que eu gostaria de dizer pras pessoas é que essa nova vida só me foi possibilitada pela família do doador, um metalúrgico de Canoas, que naquele momento extremo de dor, de agonia, de sofrimento, teve a coragem de fazer a doação, e eu sou eternamente grato a essa família, embora não a conheça.
Pra mim foi muito difícil porque eu tive que mudar os meus hábitos, passei a ter muitas limitações, principalmente, profissionais, já que eu trabalhava com esportes. Em 1988, eu tive a primeira parada cardíaca, a partir daí, a doença evoluiu e tive que ir pra Porto Alegre, mas ainda não estava na fila de espera pelo coração porque os médicos queriam tentar alguns poucos procedimentos que talvez pudessem salvar a minha vida Porém, a doença continuou evoluindo até que eu tive a segunda parada cardíaca e fui obrigado a entrar na fila e esperar por um coração. Isso aconteceu em maio de 1989 e, como eu era um paciente de risco, em quinze dias recebi o órgão. Hoje estou com 52 e dois anos e voltei a desenvolver minhas atividades normalmente."
João Carlos Cechela - 52 anos - recebeu um coração há 16 anos.
"Eu acredito que os familiares dos receptores devem ter ficado rezando pela gente, porque
ficamos bem. Apesar de ele ser novo, ter quarenta e dois anos, dois filhos e ser totalmente saudável, foi algo que aconteceu de repente, nos pegou de surpresa, mesmo assim ficamos bem, acho que os receptores rezaram por nós sim.
Quando aconteceu foi um choque pra gente, mas eu nem esperei a comissão vir fazer a abordagem, quando constataram a morte cerebral eu fui até os médicos e avisei que meu irmão era doador. Nem perguntei ao meu pai e minha mãe, sabia que esta era a sua vontade e que se começássemos a ponderar acabaríamos vacilando, porque o maior medo que os familiares têm é de que o paciente não esteja realmente morto. É muito difícil tu ver o corpo corado, quente, com o coração pulsando e ter de se convencer que a pessoa não está mais lá.
O sentimento que fica é o de ter ajudado alguém, é confortante saber que existem pessoas que foram salvas pelo meu irmão, ele ajudou oito pessoas e eu sei que onde estiver, com certeza está feliz."
Maria Eliane Savegnago - Enfermeira - doou os órgãos do irmão.